domingo, 25 de setembro de 2016

Portas da Coroada da Fortaleza de Valença

A agora chamada Porta da Coroada, que quando apenas existia este recinto se chamava ‘Porta do Meio’,  abre-se ao centro da cortina que une os baluartes de São Jerónimo e de Santa Bárbara, no lado sudeste da fortificação.
O acesso faz-se por ponte dormente que transpõe o fosso que a separa do Revelim da Coroada e que originalmente era servida no tramo final por ponte levadiça, levantada com correntes que se fixavam interiormente em rasgos de contrafortes laterais.
É uma porta em arco de volta perfeita, igualmente enquadrada por uma edícula de aparato de caraterístico traço neoclássico, armoriada com as armas reais no frontão, que sobrepujam uma cartela com a seguinte inscrição:
PELOS ANOS DE CRISTO DE 1700 IMPER ANDO NA MONARQUIA LUSITANA D. PEDRO II E SEENDO REGENTE DAS ARMAS DESTA PROV D IOÃO DE SOUSA FOI ESTA OBRA ERECTA
Por baixo, sobre o arco da porta, encontram-se as armas de D. João de Sousa, Conde de Prado e à altura Governador das Armas da Província do Minho.
É uma porta altamente fortificada, com túnel abobadado de dois tramos e três portas de dupla folha vertical, que permitiam encurralar o atacante no interior e fustigá-lo com fogo horizontal através de 20 frestas (10 em cada uma das casamatas laterais abobadadas) e com fogo vertical através de 12 óculos oblíquos distribuídos pelo teto abobadado e 1 rasgo retangular também no teto, no fim do primeiro tramo do túnel, posições a que se acedia pela cobertura exterior da porta diretamente através dos adarves.
Este sistema de encurralamento, de tradição islâmica, que nas soluções medievais era servido por uma grade vertical com puas que encerrava a entrada da passagem, era conhecido como ‘Rastrilho’, pelo que esta porta também chegou a ser designada por ‘Porta do Rastrilho’.
As casamatas laterais, a que se acedia diretamente por portas viradas ao recinto interior ou através dos arcos rasgados nas paredes laterais do segundo tramo do túnel, possuem ainda 8 frestas viradas ao exterior, que cobriam a ponte dormente de acesso à ponte levadiça, e 6 frestas viradas ao interior, que facilitariam a cobertura de uma eventual retirada pela porta.

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